terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Tecnologias da Incerteza

A tecnologia, hoje se remodela, tanto em conceito como em matéria. Consegue se desvincular dos conceitos modernistas, pragmáticos e taxativos. O Marxismo envolveu as idéias tecnológicas em narrativas de progresso, assim como, na modernidade estas eram encaradas com narrativas do esquecimento do ser, reduzindo o universo cognitivo a um modelo de desejo humano, se necessário excluindo seus próprios conceitos iniciais.
Em um momento histórico onde a certeza positivista (ou de esquerda) da lugar as tecnologias da incerteza, em que a ambigüidade somada a um acaso aparente, a internet, por exemplo, pode tanto ser vista do ponto celebrativo, trazendo a democratização, a livre troca de informações (sem gatekepper declarado), ou em um ponto de vista apocalíptico, onde o neonazismo encontra espaço para publicação e a sexualidade bizarra materializa sua existência assumida. O acaso (Heidegger) esta ativado neste sistema, o fluxo de informação vária e toma forma energética caótica e quase imprevisível, dentro de uma capacidade de potência da maquina.
A resistência e o medo destas “novas” (nada inéditas) tecnologias, na verdade faz parte de uma construção de um lugar comum, onde esta , em outra ambigüidade, materialização virtual do mundo imaginário (somando o imaginário ao religioso, ao sonhado,...), e a realização real e verdadeira destes conceitos abstratos.
A saída poderá estar em uma nova visão e leitura conceitual destas novas tecnologias, sem preconceitos nem paradigmas modernos. A potencialidade destas tecnologias são aparadas por conceitos que não conseguem abranger toda sua abrangência libertaria. De imediato podemos pensar na interface dos sistemas operacionais de maior uso: a mesa ou a desktop, é um exemplo nítido de como um conceito quase tão antigo quanto a própria historia da humanidade, encontra espaço em um suporte tecnológico atual que limita, no caso, o entendimento da amplitude de ação da interface do computador pessoal, transformando algo a priori sem limites físicos nem de atuação, é pragmatizado em uma superfície bidimensional, pobre ao potencial da maquina.
Talvez estas ligações entre uma nova tecnologia e conceitos antigos, esteja em uma segurança , em meio ao estar perdido na rede, ou sem um local de partida fixo, ou um local fixo para quando voltar. Até mesmo esta questão do ir e vir (questões relacionadas ao espaço-tempo convencional) estão suspensa neste caminhar constante das tecnologias contemporâneas. Como podemos pensar um ciberespaço sem pensar o infinito espacial? Ainda em mundos virtuais como o Second Life , que tem certo desapego com as leis físicas, apresenta ainda limitações que são só pertinentes a realidade concreta como a “casa”, as paredes das construções, não imateriais verdadeiramente e não transponiveis por um Avatar também imaterial.
As tecnologias do imaginário se efetivam materialmente nos meios de comunicação atuais, em um amálgama entre o cinema, televisão, internet, que agora (na pós-modernidade?) interroga a divisão entre estas categorias, assim como a arte que na contemporaneidade que tenta extinguir os antigos conceitos de técnicas isoladas e tende a uma idéia de hibridismo como produto final.
Estas tecnologias são subdivididas em de controle; de crença; do espírito; e da inteligência. Cada uma abrange uma parte deste imaginário coletivo, suspenso, mas influenciável na cultura de todas as épocas. A publicidade, sendo uma das principais tecnologias do imaginário contemporâneo atua como difusora do que Baudrillar chama de fenômenos extremos. Invés de persuadir o espectador, esta acaba por seduzi-lo, agregando um conceito dito como cult , ou outro axioma social positivo. Este expectador-consumidor participa de sua “dominação”, deixando de lado a velha manipulação de massa, e aderindo a causa do produto, tomando partido em um pensamento político e o propagando junto com a a marca. Somos livres para escolher as nossas dependências. Esta contribuição da publicidade cria símbolos, cada um com seu valor social, que será usado pela sociedade a serviço de uma coesão social.
Por final, esta mesma publicidade gera a mitologia das profissões, recriando alguns estereótipos da modernidade em mitos contemporâneos. Quem faz o produto de adesão e sedução é seduzido pela mitologia do técnico, equipado das tecnologias por ele empregada.
A cibercultura, instaura seu próprio imaginário (efetivado pelas técnologias), ao mesmo tempo que esta é também influenciada.

Nenhum comentário: