terça-feira, 4 de dezembro de 2007

(O) culto maquinico - Parte 2

CAPITULO 1 – RECONHECIMENTO
Baterias carregadas.
Entre as tarefas, que estavam em ordem de importância, a de procurar informações sobre o que estava ocorrendo era a primeira. Seu sinal hi-fi vasculhava o ar em busca de alguma rede, mas nem ruídos eletromagnéticos eram captados.
Ausência de sinal. Esta com certeza não era uma das características daquele lugar em dias normais. Esticou ao máximo o alcance do hi-fi. Forçar o alcance iriam torrar suas baterias, e ele sabia que precisaria delas cheias para aquela lista de tarefas. Deixou então o sinal padrão, e seguiu por cima dos escombros, retornando a casa.
Dentro dela, andou até a parede do fundo da sala, admirando novamente a sombra nela projetada. Estendeu seu braço e encostou a ponta do polegar opositor sobre a fina camada escura. Carbono. Moléculas de nitrogênio, algum hidrogênio, e, em menor proporção, outros elementos polvilhavam a superfície. Seu processador ainda estava identificando os últimos elementos quando um fraco sinal cruzou seu receptor. Novamente potencializou sua antena de captação. Era uma rede. Fraca e com muitos ruídos, mas parecia trafegável. Juntou as pernas, inclinou, e sentou sobre elas. Posicionou os braços junto ao tronco, ficando ereto. Verificou novamente o sinal, e decidiu entrar, deixando seu corpo robótico executando um programa de espera.
Ao entrar na rede percebeu que esta se encontrava em freqüências precárias, o sistema de risco assinalava que existia perigo nesta conexão, pois alem de deixar a porta do corpo robótico entreaberta para vírus ou programas espiões, se a rede caísse poderia causar sérios problemas de memória e locação perspectiva, já que está estava agora a navegar nesta rede desconhecida e solitária.
Estava a procura usuários remotos, alguém com quem poderia estabelecer uma conversa para se informar da situação, e relatar o desaparecimento de seus humanos. Aparentemente todas as portas de saída estavam vazias, então decidiu ir diretamente a fonte do sinal. Chegando próximo identificou um padrão VRML-X, que significava que iria necessitar de um avatar para adentrar a fonte, pois esta estava programada em uma interface gráfica de um mundo virtual, muito comum na maioria das redes.
Decidiu usar o Avatar de um humano número 6, um modelo que vinha junto com o sistema operacional robótico, era standart, mas servia na maioria dos casos.
Enviou o protocolo de entrada, agora teria que esperar uma porta para a fonte. Após alguma demora foi aberta uma janela de boas vindas, tímida mas eficiente, com o código da conexão.
Conectado e “materializado” no universo virtual da fonte olhou ao redor: era como uma grande biblioteca mas aparentemente vazia. Seus sensores virtuais mostravam uma presença de um programa mestre, mas sem um avatar visível. Caminhou até uma longa estante, e ao fundo algo que parecia um livro vibrava entre totalmente visível e a desmaterialização. Através de seus sensores identificou o código que o tal livro emanava, e percebeu que era de alguma estrutura regida por inteligência artificial. Provavelmente algum robô estava tentando entrar por ali, tal como ele fez. Tentou conectar a este sinal, mas como estava oscilando, não conseguia estabilidade necessária para uma comunicação. Voltou então pelo longo corredor e foi até o balcão de informações, procurando algum dispositivo para se comunicar com o Codemaster. Ao perceber a atitude de busca do avatar o sistema do universo virtual se apresentou ao Avatar número 6. Enfim, este voltou seu olhar ao redor procurando o avatar da fonte e, pela porta de entrada, surgiu um avatar hibrido, característico dos seres viruais, e logo se posicionaram frente a frente. O Codemaster se apresentou, identificando-se com o programa regente daquele servidor. Antes mesmo de qualquer pergunta ou interrupção, adiantou que o servidor estava com problemas sérios, na verdade não ele propriamente, mas provavelmente os usuários que estavam praticamente todos desconectados. Os que ainda emanavam sinais oscilavam muito rapidamente e não obtinham freqüência para uma conexão segura. Ao acabar a frase o próprio Codemaster piscou. Uma janela de mensagem do sistema se abriu informando a instabilidade do sistema e sua queda eminente. Rapidamente o Avatar numero 6 andou a passos firmes até a porta de saída e ao olhar para traz viu o Codemaster sumir por completo. A porta de saída estava segura, o código estava limpo e liberou a desconexão sem problemas. Agora era só reativar o corpo robótico e fechar a conexão. Toda esperança de alguma informação foi frustrada. Realmente aquele sinal não era seguro, dado a baixa força de propagação.
De volta ao corpo robótico, logo percebeu que aquele sinal estava rapidamente sumindo até que parou de ser captado.
Voltava a estaca zero. Reativou seus mecanismos motores e sensores robóticos, retornado algumas baratas que se aproveitaram se seu estado estático para vasculharem a lataria, a procura de alguma coisa desconhecida. Novamente olhou para a sombra. Dando as costas a parede caminhou novamente para fora da casa, disposto agora a achar qualquer forma de inteligência, seja humana, virtual ou robótica.

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