terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O Robô como meio e mensagem

O teórico Marshall Mcluhan não presenciou a era das redes proporcionada pela internet. Porem sua obra guarda potencialidades que esperam por novas (ou outras) conexões teóricas que podem aplicar seus conceitos aos mais recentes fenômenos comunicacionais. Ao postular uma dos seus mais utilizados conceitos na área da comunicação, “o meio é a mensagem” Mcluhan vislumbrou o quanto a mídia utilizada na propagação da informação pode interferir no seu conteúdo, transformando o modo de emitir a mensagem.
A cibercultura se apropria de mídias produzidos pelas tecnologias contemporâneas que impregnam e alteram o conteúdo da informação trocada de forma especifica, pois pela primeira vez na história das culturas as mídias estão se tornando inteligentes, corrigindo palavras e imagens, alterando conteúdos, organizando automaticamente, buscando novas referencias, enfim, alterando a mensagem original em prol de uma maximização da legibilidade. Os sistemas que utilizam Inteligência artificial apontam para um outro caminho na organização e busca de informação mas principalmente, apontam uma mudança no mídia que transmite a mensagem, transformando o emissor (meio) em um interlocutor sintético. A inteligência do meio se torna essencial no estado da arte da comunicação.
Na atualidade estamos cercados por meios de comunicação que ensaiam algum tipo de inteligência sintética de processamento de dados, dotados de Mindwares (A. Clark, 2001) que interferem no modo de transmitir e decodificar as mensagens. Os programas-mentais são mais que simples transmissores de mensagens, são catalisadores de experiências que adicionam e reorganizam a informação através de interfaces biotecnológicas. A mensagem-sensível produzida modifica-se ela mesma para adaptar-se ao receptor se transformando em mensagem-dispositivo, fundindo se a mídia que a pronuncia. A mensagem se aquece em meio das “tecnologias de afeto”, embora Mcluhan tenha classificado a forma de comunicação que “incluí” como frias, o ciberespaço mescla os meio quentes e frios dependendo da interface acessada.


Se os meios de comunicação antecedentes ao século XXI transmitiam a mensagem por reprodução*, as mídias deste século não apenas reproduzem automaticamente, mas sim se tornam um novo emissor, tornando a mensagem com um novo grau de absorção pelo receptor.




O robô como meio e mensagem

Pensando o robô como a concretização no espaço físico do Mindware, este se torna um meio de comunicação que possui intrinsecamente diferenças com as outras mídias. Alem da transmissão de mensagens de origem humana, os robôs se tornam comunicadores do ambiente, e tradutores da realidade que os sentidos humanos não alcançam. O robô se torna o meio e mensagem quando possui esta capacidade de mídia de ser transmissor/emissor de mensagens de usuários conectados a rede, de pessoas que tem contato (físico) na realidade off-line, de aparelhos eletrônicos emissores de sinal de inúmeras fontes, de seu próprio corpo robótico, do ambiente que o cerca e fundamentalmente, no processo de emissão, do modo que traduz estas mensagens, pois alem do expressão através da fala e outros métodos visuais, ele se expressa corporalmente, colocando um nível de sensibilidade da ação performática somado a mensagem.


*Vejamos o exemplo do telefone e da televisão: o primeiro reproduz a voz humana ou outro som na integra, mudando apenas a qualidade e as propriedades físicas da transmissão sonora, mas o conteúdo é o mesmo. No cão da televisão, o som e imagem gerados na fonte também são os mesmos reproduzidos nos aparelhos, salvo efeitos especiais e as novas tecnologias de simulação.

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