terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O Destruidor Zoroastro

Dentre os elementos do eterno retorno Nietzscheniano, a destruição se destaca como elemento final e de recomeço, em um processo purificador do objeto transformado. Antagônicos e tão próximos, o inicio e o fim fazem uma paralelo entre o bem o mal, na busca de Zaratustra pelos enredos da moral. A destruição se aloca, através da moral, ao lado do maligno e consequentemente, o ruim. Os destruidores, para Nietzsche, aparecem ao longo do Livro “Assim Falou Zaratustra”, como aqueles que não podem ser classificados no campo do mal, e sim desprezadores deste conceito, assim como o do bem. O destruidor para alem do bem e do mal seria algo potencialmente mais corrosivo a moral.
O Destruidor Zoroastro viria primeiramente como a entidade que quebra as leis da moral, e sem esta, consegue destruir os limites impostos ao individuo, físico e em estado de consciência (imaterial), violar as leis físicas para voar, fazendo o que hoje a Realidade Virtual o faz, com estrema liberdade de mobilidade, projetando a consciência a estes novos mundos imorais por natureza. Os mundos virtuais anseiam por se tornarem espaço de liberdade por definição, destruindo preconceitos referentes a visualização do corpo off-line, localização geográfica, classe social, estabelecendo um outro (não novo) modo de respeitabilidade. O Ódio próprio e voltado ao coletivo, gerado pela intervenção das instituições de moral (moral herdada), assinalam a então prisão do instinto castrado.
No contexto dos Universos Virtuais o Avatar libertado da “moral do escravo” se torna o “Virtuelle-Übermensch”, o Super-Homem Virtual (extropiano exemplar), destruidor dos restos de do Deus, abre os portas (seriais) para o pós-humano, ainda não imoral, porém encharcado da promessa de liberdade. Por traz deste Avatar imaterial esta o haker, cidadão do on e off-line, que aplica a “imoralidade”, contrária a ética Protestante do capital, destruindo o horário comercial e construindo o paraíso cristão da vida eterna no infinito código binário extropiano.
Definindo o humano não como o final do processo evolutivo, mas como uma fase para a chegado ao pós-humano, Nietzche ressurge nos discursos contemporâneos impregnando Cyborgs e a cibercultura. No caminho da destruição do processo moral, o “Destruidor Zoroastro” desce da montanha virtual, portando dois números, um em cada mão, são eles 0 e 1, destruidores do real clássico e, de acordo com o eterno retorno, irão reconstruir os códigos de ética que aprisionam os instintos humanos.

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