quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O Canto da Vagabunda

O Canto da Vagabunda

Silenciosa no canto estava.
Pensava no que acabava de fazer. Vagarosamente torceu o pescoço para trás até alcançar a visão da cama. Estava nua e cobria com os braços os seios ainda rijos. Logo após visualizar a cama, e o sujeito que nela estava, voltou novamente o olhar para o canto da parede. Ainda podia sentir a pele húmida entre as pernas. Achava estranho, porém confuso demais para definir. Ela não tinha gozado, talvez estivesse tensa demais para isso, ou desacostumada a um corpo diferente junto ao seu. Tinha que voltar daqui a dois dias, deixar aquele canto e voltar a sua vida monótona e cansativa. Olhou novamente sobre o ombro. O homem dormia espalhado pela cama. Decidiu que tomaria um banho, mas não queria acorda-lo com o barulho do chuveiro. Neste momento percebeu que se sentia suja. Seu corpo então começou a exalar um suor fétido, que junto com o odor de sua virilha quase a fez vomitar. Se sentia suja mas nem dez banhos poderiam a limpar. Tapou o nariz com uma das mãos deixando amostra o seio direito e as marcas vermelhas deixadas pela barba mal feita do homem na cama. ainda bem que tinha dois dias e que quando voltasse ao lar elas já teriam sumido, mas bem que poderia disfarçar com aquele pijama mambembe ou passando aquele creme que, por sorte não jogou fora, pois irritava sua pele, provocando manchas vermelhas similares a essa. Tentava não pensar no futuro, tentou organizar uma fala para sua volta, mas desistiu sem muito interesse. Por um momento sua pele se arrepiou com o vento gélido que veio de repente pela janela, levantando o velho trapo que era usado de cortina. Pensou que o vento pudesse levar aquele mal odor de sua pele mas ao respirar com mais cuidado percebeu que não, que ainda estava suja.
E por fim sabia que aquela sujeira não iria sair tão cedo, que o líquido viscoso que escorria por suas pernas não sairia dali nunca, e que aquele homem na cama era apenas mais um.
Ele era apenas mais um homem que ela tinha o prazer sarcástico de devorar, e que ele, quando acordasse, seria mais um a deseja-la com aquele ciúmes doentio e uma paixão passageira, que só aquela vagabunda sabia invocar.

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