sábado, 18 de julho de 2009

Premissas de perdão

E por um momento a dor passou. Deixando apenas saudades. Um imensa saudades, apertada e doce. Então o Chapeiro pensou no futuro. Pensou na possibilidade de deixar o exílio. A possibilidade de voltar. Por aquele momento isso não pareceu absurdo. Pareceu natural e sincero. Sentia que o tempo tinha mudado. Tudo estava do mesmo modo, mas algo tinha mudado na situação. Mas também deu graças de não poder realizar esta vontade agora. Mesmo se quisesse deixar o exílio agora não poderia por, por detalhes práticos, como o vôo de regresso, suas coisas em seu apartamento e seu emprego no café. Ele conhecia sua impulsividade, e sabia o quanto isso já foi e era perigoso. Já fez muita besteira a causa dela.
- Passou. Já passou- Disse debruçado sobre o parapeito da sacada, enquanto o vento lhe massageava o rosto. Se sentiu bem, mas logo em seguida se deu conta de seu estado engessado: não poderia fazer nada com isso, com este sentimento, com essa descoberta. Entristeceu. Então divagou em possibilidades novamente, no seu retorno do exílio, nos reencontros como tudo e todos que tinha deixado para trás. Sentiu que tinha achado alguma coisa de valor sobre si próprio, algo que antes estava sob um nevoeiro de dúvidas. Olhou diretamente para o Sol que se caminhava lentamente ao horizonte. Conseguir sentir algum calor, apesar do vento gelado, isso o confortou. E decidiu que deveria, pela primeira vez em todo exílio, planejar sua volta, com calma e sem pressa. Embora não tivesse uma casa fixa, em lugar nenhum do planeta, estava pronto para deixar de ser estrangeiro.

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