sábado, 18 de julho de 2009

A Grande Derrota

Existem muitas maneiras de perder! Os grandes Generais já diziam que ao perder uma batalha, não necessariamente se perdia a guerra. Para o Chapeiro a coisa parecia muita mais complexa. Ele achava que tinha perdido a batalha, a guerra e a tropa. Ele era inteligente, mas preferia a verdade a vitória. E sua grande derrota começou pelo radicalismo de querer saber a verdade. Primeiro, em busca de um pensamento lógico, perdeu a fé. Investigou sua religião ao ponto de ficar confuso e duvidar de dogmas. Uma derrota anunciada, já que se trata de um dogma religioso. Depois, duvidou do positivismo da vida, também das estruturas sociais, da instituição familiar, do futuro. E por ultimo duvidou da fidelidade de quem ele amava. Entrou em uma investigação perigosa. E durante um mês calculou passos, movimentos, contatos e possibilidades de um traição. Não conseguiu a confirmação, mas decidiu blefar. Em um blefe certeiro conseguiu da sua amada um confissão. Tinha sido traído de fato, e acabara de perder seis anos de dedicação a uma relação, agora, falida.
Preferiu a verdade e arriscou seu amor trabalhado aos detalhes e exaustivamente neste grande período. Perdeu a casa, o carro, os dois cachorros, sua moral, sua alegria e seu rumo.
Em meio ao choro compulsivo ouviu pedidos de perdão, que sem pensar atendeu, dizendo ser impossível não perdoar. E era verdade, ele a perdoou. O que não perdoou, nunca, foi o que ela disse depois, o que para ele foi a grande derrota:
- Estou saindo desta casa. E já que você sabe tudo, vou morar com ele.
Ele parou de chorar na hora e foi arrumar uma mala para sair dali.

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